sexta-feira, 19 de junho de 2009
Codificas o amor
Tua palavra é código
que sai e queima meus ouvidos,
teus gestos me convergem
a templos antigos
onde cultuo deuses invisíveis
Teu amor tem sua hora
como a claridade do dia
na face lírica das águas
na madrugada da fantasia
Codificas o tempo maior,
translúcido na penumbra da noite,
em cada palavra de riso
em cada signo de verbo
em cada lágrima de delírio
Conceição Bentes
16/06/09
Ensaio
Travessia
Vidros que separam,
são os mesmos que trazem à contraluz,
o perfil delineado e marcado
do difuso tom da tua imagem
Na inefável neblina,
um vôo vapor esculpe
tua voz na escala modal
entoando tua chegada
Teu olhar impreciso
direciona-me às reentrâncias
do teu silêncio
deixando um sopro leve,
imperceptível no afã da vida
Conceição Bentes
13/06/09
Jornada da alma
Começo minha busca pelo coração
domesticando a natureza brusca,
lapidando o instinto
racionalizando o erro cometido
Averiguo passos em falso
abstendo-me do deslaço,
devolvendo amor para o descaso.
É a evolução do ser que se dá,
na renovação que se confirma,
nessa busca infinda do caminho da paz.
Conceição Bentes
12/06/09
Inúteis versos
Não são teus os versos meus.
Eles perderam-se no tempo
depreciados nas páginas corroídas,
esquecidos, sem rimas, nem métricas
São afastados da dialética,
não fazem parte das histórias,
sussurram sílabas lentas,
melancólicas e adormecidas
Apenas são lidos
como quem lê o orvalho
ou coisas que nunca foram escritas
Conceição Bentes
11/06/09
O meu comum
O meu comum
não é comum,
é errado quando regulado pelo instinto
No espírito,
tenho desejo chave
Da magia,
a fase de um perfeito encanto
Escondo segredos em nomes incertos
adentrando mistérios
multiplicando imagens
num tranqüilo acontecer
Neste lamento,
contento-me em conter
meu descontentamento
e a minha luta me eterniza
lavrando a alma livre e concisa
Conceição Bentes
10/06/09
Cabocla
És guardiã da mata,
lançando-te contra a ganância
da exploração arbitrária
Tua lança não mata o agente
mas, extermina a ação
pelo bem da salvação
Misturas ervas e fé
curando o mal da destruição
e conhecendo as leis,
dominas a essência da vida
Lutas sem derrame de sangue,
limpas o frio que consome,
retiras a sombra que mata
o verde da mata e de um coração
Conceição Bentes
09/06/09
Alegrias antigas
Tenho saudade do tempo
em que as verdades eram ditas
que podia ser franca
sem prantos provocar
Sinto falta dos momentos sinceros
quando servi de suporte
aos soluços abruptos
Queria ter a ilusão
transfigurada em realidade,
a perfeição incompleta
transformando traços soltos
em figuras perfeitas.
Conceição Bentes
07/06/09
Meus ocasos
Meus olhos gravitam como sóis
iluminando universos
pautados por planetas em sustenido
e estrelas em bemóis
Ainda que inexistissem luzes,
fosse noite absoluta
e o tempo sofresse lapsos
momentâneos,
auroras noturnas me chegariam
nos ritmos deslizantes
da música do vento,
trazendo poemas diuturnos
ressuscitados nos meus ocasos.
Conceição Bentes
02/06/09
Rascunho de sonhos
Indagações
Procuro a vida sem preconceitos
gentes iguais, diferenças nenhuma
Quero no lago da vida
matar a sede do meu grito caduco
que ecoa pelo universo
em busca dos sonhos antigos
Indago pelos segredos,
falo do meu amor
brindo aos sentimentos
do lado escuro de mim
Conceição Bentes
29/05/09
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