"Mais luz do que o sol do meu céu só o som do seu sim" (Tchello d'Barros)

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domingo, 31 de outubro de 2010

Oferenda



Oferto a paz que abriga minhas saudades,
entrecruzando linguagens num canto suave,
com a malicia do sorriso,
desfazendo da farsa solidão

Vivo da minha crença terminal
ensurdecida pelo caos
da pálida esperança
edificada num céu denso de inverno

Dos retalhos da vida,
divido as prendas no tempo
farejando alegrias na folia das vozes
por obrigação de viver

Meu tédio feito em cores,
escorre entre os dedos
ofertando amor,
que pereceu entre dores
e reviveu sem medos


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 31/10/10
Código do Texto: T2588727

Palavras de Silêncio



Meu silêncio
na correnteza da vida,
vem da lágrima do tempo
que verte em minha face

Gotas em cristal
se petrificam como saudades
eternizadas na alma,
onde a vista não alcança

Afasto as miragens
que se acercam de mim,
andando em calçadas opacas
transformando-se em ciladas
as palavras inacabadas


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/10/10
Código do Texto: T2587264

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Imperfeição


Sou um ser indeterminado,
sozinha, perto de todos
distante de mim,
buscando o meu falar
sem o som do meu ouvir

Fecho-me em reflexos
vendo que em tudo
existe apenas o nada

Caminho a ermo
vestindo paixões,
amando ilusões,
cinzas de fantasias

Olho espaços
que se perdem em mim,
e em cada novo instante
perco minha metade
na imperfeição do meu fim


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 28/10/10
Código do Texto: T2582994

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

És meu tempo



Ter esse tempo
é dizer que és meu sonho,
a minha voz, ainda que silêncio
o meu silêncio, mesmo quando voz

Vejo a luz que nos deixa
o sopro imperceptível,
do som profundo
que ouvimos de dentro,
o extermínio onde a memória cessa
o circuito cansado pelo sentir

Cuida de nós,
junte tuas mãos às minhas
permaneça em tudo
com a vontade de estar mudo
musicando o silêncio
que cala em mim


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/10/10
Código do Texto: T2580950

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobrevivo



Ausências em mim
diferem, me assustam,
pela crueza do mundo
que pulsa lá fora

Sobrevivo sem estar
em lugar nenhum,
construindo artifícios íntimos,
na dor silenciosa onde a vida grita
pra continuar

Minha incredulidade
chega num arremesso
contra a qual não sei lutar,
fazendo da caminhada
uma oração calada,
uma metáfora apagada


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/10/10
Código do Texto: T2577973

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Estava Escrito



Estava escrito
que chegarias na voz do vento
como um doce lamento
em busca de sons e de luz...

Trarias nas madrugadas dispersas
o inevitável sentido
nos grãos silábicos do tempo
que teu poema traduz...

Serias a saudade sem sombras,
a madrugada esvaída
o cheiro azul de um remanso
onde a esperança descansa.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 21/10/10
Código do Texto: T2570854

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Alma Forasteira



Sou apenas um poeta
de rumos incertos,
idéias sem metas
reclusa aos encantos do amor

A brisa em meu rosto me faz viajar
sem tempo para despedidas
em canções desconhecidas,
a ermo, é meu caminhar

Meus sonhos se perdem na multidão
em mundos sem cores,
tendo os sons de canções
como ondas rasteiras,
banhando minh’alma
perdida e forasteira


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 19/10/10
Código do Texto: T2565128

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Volúpias



Pedaços de mim te adivinham
Nos olhos que te guardam
Como o silêncio de um rio
A isso, dou nome de autenticidade

Pedaços de ti integram minh’alma
Como tatuagem bem delineada
E definida em lugar incomum
A isso, chamo desejo e saudade

Nossos momentos se definem
Na volúpia fluida dos sonhos
Vivendo o tempo que não teremos,
A eternidade que nos abraça
Em rumos sem destino




Ceiça Bentes & Marçal Filho
Natal (RN) /Itabira MG
05/10/2010
Publicado no Recanto das Letras em 06/10/10
Código do Texto: T2541760

Caminho Solitário



Quando a platéia se retira,
os sentimentos morrem,
a vida suspensa por uma haste
equilibra sonhos deitados em esteiras

O tempo espera as espigas do mundo
varridas pela poeira
esquecendo a cadência dos passos
no desfiladeiro do silêncio

Mergulho então no céu que me grita
enquanto anjos temporários
partem o silêncio
que saem do meu mutismo

Segue a solidão,
que desce dos sudários
imperiosa e fria,
como um mar que toca os vitrais
com sua aragem macilenta
junto a indiferença que a terra refugia


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 06/10/10
Código do Texto: T2541215

Acalento



Meu eu antevê a causa maior
primando pelo bem que hoje transcende
e, de amor em amor sigo a espera
da flor primavera que a vida me deu

O que me foi dado,
o silêncio imprime esquecido,
nos braços dos lamentos
resguardando todo acalento
que o amor vem acalmar

É fácil sorrir para ajustar o tempo
é primaz sentir-se em contentamento
que vem como um bem deitado em divã

Assim seguimos na canção do vento,
no doce cheiro de lembranças atemporais
onde o inverno paralisa tua imagem
etérea, que em mim descansa



Marçal Filho & Ceiça Bentes
Itabira/Natal 04/10/2010
Publicado no Recanto das Letras em 06/10/10
Código do Texto: T2541050

Almas Perdidas



Nossas vozes calam-se
em trajetórias abertas,
num arfar de paz
sobre cálidas noites

Memórias são resgatadas
do meu mundo,
dos nossos sonhos
de nossas vidas

A tua voz passeia
em minha mente,
nossos olhos se entregam
cúmplices de amor

Vamos além da saudade,
na imensidão deserta
cinza dos céus,
enfrentando os assombros
de nossas tempestades



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 03/10/10
Código do Texto: T2535195

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Saudade



Preciso estar aqui,
tocar lembranças
que inundam meu chão
de pedras amorfas

Embarcar nas tardes sonolentas
de azuis desfeitos
com brilhos envelhecidos
de auroras afloradas

Permanecerei em ti
como velha imagem,
sendo apenas um enigma
dentro de tantos mistérios
presente no silêncio do vento
cantando a liberdade

Não importa o tempo
que fere a solidão deixada
em despedidas nascidas,
nas mãos vazias de amor,
saudades e nostalgias.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 01/10/10
Código do Texto: T2531072

Guardiã de Luz



Embarco em nave de sonhos
levando como bagagem
a saudade companheira

O vento desenhou teu rosto,
o sol o cintilou na imensidão
fazendo das estrelas perdidas
a inversão dos meus passos

Chegam a mim vozes angelicais
abrindo portas dos templos dos deuses
onde a alegria de te ver
é brindada no cálice do amor

Como guardiã dos segredos
camuflo na dança
os ponteiros do tempo,
ornando a imortalidade débil e diáfana
no ápice da verdade vencida.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/09/10
Código do Texto: T2529007

Cortinas do Tempo



Visto-me das horas novas e antigas
em que teu perene caminhar
levam meus sonhos
cerrando as cortinas do tempo

Tempo este incógnito,
traçado na construção da saudade
que alimenta minha solidão,
codificada e impenetrável

Volto de um mundo mutante
vivenciando fragmentos vividos
que me chegam nos frutos da liberdade
no perfume da vida, no amor pra sempre


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 28/09/10
Código do Texto: T2525976