"Mais luz do que o sol do meu céu só o som do seu sim" (Tchello d'Barros)

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domingo, 30 de maio de 2010

Pacto



Nascemos sob horas consumidas
em viagens onde naus
enfrentam fúrias dos tempos ancorados

Vêem como nuvens
avessos à linguagem,
onde o inverno
é mais que um lajedo calcinado
perdurado em configurações

Tange as mãos a saudade extinta
mas que devora o negativo da mente,
ao firmarmos um pacto
diante do que se encerra
entre desacertos e desencontros.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/05/10
Código do Texto: T2288536

Do que ficou




Era preciso tocar a terra,
ter a ausência da inútil serventia
para melhor te perceber

Poderia ter escolhido
o abandono do tempo,
a palavra escrita,
ou a imagem do lenço
gravada no silêncio

Mas ficou o abraço
ante céu varrido das essências,
desgarrado pelo frio
sem gesto, sem par,
sob o vazio do ar!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/05/10
Código do Texto: T2288535

A Espera de um Tempo




Fui ao teu olhar silencioso
que transcende além da quietude
e das tormentas,
buscar a luz nascente da primeira saudade

Vi a solidão amortecer a alma,
ouvi o cântico do deus dos ventos
e das águas,
nas ondas sem cor,
de fúria e de dor

O tempo espera, a vida esquece,
passos perdem a cadência
e o silêncio permanece mergulhado
no teu oblíquo não


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/05/10
Código do Texto: T2288534

Teu Abrigo



No isolamento do meu coração
abrigo teu rosto
esculpido nas pedras da saudade

Sustento tua ausência
construindo os dias
no tempo consumido

Chegas como névoa
despedindo o defeso e o frio
e canto o teu regresso
no mar sem represas
na consciência do teu rasto
no delírio das lagrimas libertas.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 29/05/10
Código do Texto: T2288091

Tempo de Amar



Conheço as paisagens do coração,
viajei por caminhos errantes
flutuando nas ondas do destino
ao sabor do vento que ascende.

Esqueci do tempo
quando te encontrei
essa magia nos envolveu
como aroma de rosas recém abertas
soberanas!

E esse amor nos libertou
tornando a nossa caminhada livre
para completar nossos desígnios


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 29/05/10
Código do Texto: T2288033

Um pouco de mim




Procure-me nos rostos que passam,
na poeira do tempo
e veja quem sou

Encontro-me na noite,
nas pedras que brotam dos interstícios
cujos braços que me enlaçam,
são os cipós dos ventos

Tornei-me palavras que se perderam
sob a saliva da noite,
embaraçando folhas de livros
repletos de versos não lidos,
calados, sem delito.



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 29/05/10
Código do Texto: T2286474

Perdas



Prendi a respiração do tempo
ao me propagar vestida de sons;
ouvindo sozinha,
o adormecer da minha voz

Sem reclamar o que queria
meus caminhos sumiram
nos passos do inverno
levando cada essência
dos meus híbridos costumes.

Perdi a capacidade do sonhar
esculpindo teu rosto em cada espera
e meu caminhar completado por ti
fez da solidão,
meu tempo sem memória


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 28/05/10
Código do Texto: T2285345

Como Sou



Sou brumas de calmarias
embaladas em melodias,
diáfanas esperanças
nas mãos que me afagam

Transgrido normas,
quebro paradigmas
sou açoite do tempo,
prece dos arrependidos

Silencio a alma
nas asas de cada instante,
sou fruto da descrença,
poder da indiferença,
caminhos itinerantes

Realizo travessias
coloridas de venturas,
acalentando a magia
tal dores do pensamento
nos sabores de muitas lágrimas


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 28/05/10
Código do Texto: T2285341

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Desenlaces



Desfaço meus laços
das falsas amarras,
como folhas secas de outono
quebradas em mil pedaços

Elevo-me na haste do tempo,
na verdade que me cega
ou na alma que te nega
a sofrida solidão

Solto imagens em absinto
como água saciando o mar,
sem buscar, nem almejar
o amor que me veste de sonhos.
Apenas calo e caminho!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/05/10
Código do Texto: T2282867

Versos em Aquarela



Visto-me de noite mansa
reinvento versos
desprendendo o coração
do labirinto monocromático.

Venho com luzes
clareando caminhos
das rimas coloridas
antes do poema final

Reescrevo minhas páginas
em cenários multicores
que dizem quase tudo
ou muito pouco.
de maneira irreal,
difusa e irrevelável


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/05/10
Código do Texto: T2282863

Assim tu és



Tantas luzes têm teus olhos,
misturas ardentes,
apelos infantes
revelam teu ser

Transformas jornadas
em raios de alvoradas
e em cada alegria
o amor é incondicional

Desprendes nossas mãos
nas curvas dos medos,
e pelas lacunas sofridas,
guardas pedaços de vidas

Em histórias vividas,
teus passos são lentos, absortos
ocultam segredos,
vestidos de sonhos
na liberdade dos anjos,
sem acordes estrelares


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/05/10
Código do Texto: T2282858

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Amor! Gosto de mar!



No teu olhar com gosto de mar
tenho a paz universal
aprisionando-me na essência do amor
que entrelaça nossas almas.

Amor sem pressa,
segue a simetria aleatória
das descobertas, do aprendizado
e desnorteio

Vive de profundidades e superfícies,
no verbo exato do futuro amplo
com a maneira certa de dizermos juntos
que somos os segundos duradouros
da imutável eternidade


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 26/05/10
Código do Texto: T2280410

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mensageiro



Escrevo nas linhas das estações
quebradas pela música da saudade,
momentos de um passado mendigo
carregado e instalado
na dúvida do silêncio.

Fustigo o fogo do presente
antes que as cinzas do esquecimento
cubram as luzes do nosso tempo.

Levarei entre cometas errantes
teu sorriso indecifrável
onde fervilha o amor
de uma história não consumada



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/05/10
Código do Texto: T2277966

Renovação



Mergulho o meu sonhar
na dança das águas
e num vaivém incessante
divago,
onde nunca meu pensamento
atreveu-se a chegar.

Nas ondas esfuziantes,
meus castelos são construídos
e enfeitados pelo bailar das gaivotas
cujos vôos inesperados coroam os céus
trazendo mistérios que não ousam revelar

Aborto a saudade.
reconstruo a felicidade,
danço a paz com o arco-íris
deixando a natureza em êxtase,
é o momento do recomeço!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/05/10
Código do Texto: T2277963

Nostalgia



Poderia ter sentido
o perfume da vida
passando entre as flores
que se encantam,
dissimulando asperezas
nas pétalas umedecidas

Prenderia tua imagem
no acústico de uma sonata,
ou no calor do sol ressacado
de um verão

O vento em suas rajadas afiadas,
cortará a saudade insuportável,
falando do amor
como quem fala da sede,
da fome, da dor.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/05/10
Código do Texto: T2277962

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quietude



No silêncio lavo a alma
em cerdas de carmim,
e repouso na branda luz que aclara
o que tudo em ti, está em mim

Cuido da quietude que aquece
a tua ausência,
e no vazio livre do vento
meus pés voam às lentidões das nuvens

Fecho os olhos;
sinto a grandeza da vida,
a força do meu ser liberto,
o gosto do ultimo trago,
frenesis conturbados da ternura
que me falam de ti


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/10
Código do Texto: T2276926

domingo, 23 de maio de 2010

Velejar



Aprendi a ter entre as mãos
a presença das incertezas,
a velejar em barcos sem velas
sem o cheiro da tua imagem

Meu tempo ponteia horas incompletas
de madrugadas desabrigadas
em águas rasas
onde saudades semeiam
prantos de mar

Sigo na dança das ondas
fantasiada da última estação
molhada no azul dos segredos
com essências do fogo
do último verão


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 23/05/10
Código do Texto: T2273929

Produto Inacabado



Sou um produto inacabado
com sonhos secretos
levando a sensibilidade
nas transparências verbais
que não passam de sinais


Meus passos não tem pegadas
e a tua mão de espuma
me conduz a uma partida
em direção ao azul das gaivotas


Fulmino a saudade
na força do sarcasmo imprevisto
e no sabor contínuo do presente,
traço a vida
num novo itinerário



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 23/05/10
Código do Texto: T2273923

sábado, 22 de maio de 2010

Senhor do Tempo



O meu amor
é o senhor do tempo
que transmuta os ponteiros
transformando segundos
em centelhas.

Nas ternas madrugadas
pára o mundo
fazendo meus olhos
dançarem em cada afago
entrelaçados de promessas
na certeza do nunca
ser demasiado cedo.

Num gesto sem tempo
cessa meu sonho
despertando-me nas manhãs peregrinas
acenando esparsas palavras
semeadas com alento.


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 22/05/10
Código do Texto: T2272023

Amor Peregrino



Vieste devagar
tal orvalho que não se sente
mas se faz notar
tocando em cada segmento do meu ser.

No trapézio da vida
o amor foi equilíbrio
entre os mundos meu e teu.

Foi ponte de sentimentos
farol das nossas tempestades
transformado em ausência caminhante
pelas calçadas do tempo.

E assim seguiste
espalhando com mãos cheias de nada
uma realidade fitada
chamada solidão


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 22/05/10
Código do Texto: T2272020

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um pedido



Preciso ouvir teu silêncio
nas cores dos sonhos,
no orvalho que molha
o mistério de uma flor

Deixe teus olhos eu decifrar,
no som dos ventos
do meu poetar,
o que dizem ao contemplar
os resquícios da esperança

Quero o cheiro da tua lembrança
inerte na brisa das manhãs
que paralisa o inverno
e em mim vem descansar

Semeie a esperança
no vazio do meu ser,
na fuga dos caminhos perdidos,
no tempo que brinca comigo,
ou na luz que devora
minha suavidade matinal


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 21/05/10
Código do Texto: T2271168

Fuga



Dores que fogem às pressa
rumo ao desconhecido
roubando o brilho das luzes,
a incerteza das cores,
o caminhar da esperança

Mas teu sorriso me mostra
a busca do porto-seguro,
a quietude das horas escarlates,
o elo que nos une

Liberto-me plena
do mundo imperfeito
resistindo trôpega em tuas mãos:
meu recanto


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 21/05/10
Código do Texto: T2271006

Olhos de Verão



Teus olhos de verão
levantam-se no vôo das gaivotas
orvalham a luz da manhã
onde espectros alados vão pousar

É a força de uma tempestade,
o regressar da alma indefinida
promessas caladas, reduzidas
desfiladeiro do silêncio
onde o tempo é um descansar

São saudades intermitentes
de eras percorridas,
canção de sol e mar,
palavras não proferidas


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 21/05/10
Código do Texto: T2269876

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Tua voz



É o som sem malícia
que canta nos meus luares,
a canção da minha alma
num poema itinerante

Ancora a ternura latente
desprotegida ou majestosa
na sombra da alegria avessa
ao turbilhão das noites de lã

Voz que me faz refém
de acertos esquecidos
revelando desejos ocultos
diante de todos os vultos

Bebo a sonoridade
que voa em sonhos abertos
desfazendo qualquer distância
no sopro de liberdade,
meu coração liberto


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 20/05/10
Código do Texto: T2268515

Visto a Vida



Visto-me com a saudade
verde dos teus olhos
e repouso no teu amor
que desdobra com calma sua trilha


Tenho-te no trânsito de olhos
sem destino,
num rosto que nada atinge
ou no tempo que em nós, eu vivo


Da tua alma singular
tenho a calma do amanhecer,
o sabor do reencontro
que aniquila tua ausência


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 20/05/10
Código do Texto: T2268050

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Sorrisos e Lágrimas


Passeio meus sentidos
entre risos e lágrimas,
nos personagens antigos
que formam minha história

Falo dos caminhos sem direções,
dos falsos deuses
com faces ignoradas,
ou dos sons dos trigais
que se calam em preces

No sorriso,
minha alma se veste
com teus olhos de jade
que chegam em crpúsculos brancos,

Nas lágrimas,
conheço o anoitecer da espera
e os caminhos com partidas
sem regressos


Conceição Bentes
19/05/10

Descaminhos



Meus passos são entraves
que tombam às sombras
refúgios das oscilações,
senhor de todos os contrários

Trilho descaminhos
que me desintegra
na multidão de sozinhos,
fluindo entre enigmas
a minha porção mulher

Sou vulnerável
as palavras que me ferem,
ao abraço entrelaçante
o improviso que ilumina
as impetuosidades em mim


Conceição Bentes
19/05/10

terça-feira, 18 de maio de 2010

Lembranças de um Sonho



Vi todos os amanhecer,
sonhei o que me foi permitido
escutando canções
que poderiam ter sido
a nossa história,
e não foram

Cheguei até você
nas ondas dos sonhos
desfraldando velas ao vento
nos meus alentos

Partiste em busca de outra luz
em outro farol,
deixando meu brilho opaco
sem o reflexo da tua luz-sol


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 18/05/10
Código do Texto: T2264220

Nuances



Em minhas manhãs sonolentas,
o mar deita em camas arenosas
onde nuvens silenciosas
bailam no ar

Ventos agitam sonhos,
embalados pelo sereno vôo
das gaivotas perdidas
nos verões ausentes

Eu,
um arco-íris em preto e branco.
busco nas nuances desconhecidas
esperanças impregnadas
de um amor ausente


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 18/05/10
Código do Texto: T2264163

Nosso Despertar



Vivemos um indefeso amanhecer
fechados em concha,
um amor bordados de carícias
ante o mundo adormecido.

Nossa voz se desfaz em líquido,
despertando entre os lençóis de neblinas,
desejos contidos
num manancial de emoções

O tempo não teve senso
e guardou nossa historia
junto às estrelas,
sabendo que eu e tu
éramos poeiras do mesmo céu!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 18/05/10
Código do Texto: T2263760

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Amor transcendental



O Universo pulsa
numa grande ondulação,
ao trocar energia
como o coração

Nos caminhos do infinito
que vêem e vão,
o Criador usa seu poder
nos princípios crescentes, como lei

E assim viajo
pelas estrelas cintilantes
dos teus olhos,
onde todo magnetismo
nascido de nossas almas,
emergem e se encontram


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 17/05/10
Código do Texto: T2262478

Canção de Amor



És minha canção que lenta foge
num cheiro mais lancinante,
a galopar na brisa

Tua presença descansa
nos olhos que fitam
meu íntimo real,
esculpindo teu amor
no reencontro de um tempo
que adormece nossa alma

Toca-me com nuvens leves
anunciando tua vinda sem alarde
como um verão que dança e reluz


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 17/05/10
Código do Texto: T2262494

domingo, 16 de maio de 2010

Minhas Madrugadas



Permita que meus passos
sejam guiados pelos teus segredos
ousando vestir-me de sonhos
e deleitar-me nos sons matinais

Imaginando apenas olhar-te e calar,
andar em rumos antigos
sem acordes estrelares
vivendo na liberdade dos anjos

Somos um pouco do Universo
sem principio nem fim,
o ponto de partida de uma estrada
onde teus versos povoam
a imaginação da minha alma,
que se espreguiça
nas primeiras horas da madrugada


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 16/05/10
Código do Texto: T2260209

sábado, 15 de maio de 2010

É assim que te amo



Amo você como a força de um vendaval
e a calma das auroras nascidas,
entre a razão e a emoção

Meu amor é uma oração
que tem a melodia do entardecer,
guardada na infinita solidão abissal

É a face que não consegue
permanecer no disfarce,
respira o éter do devaneio,
adormece revelando a saudade volátil
que conduzem meus pés a esmo.



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 15/05/10
Código do Texto: T2258934

Teu Céu de Folhas



Reconheci minha alma
em teu céu de folhas,
investigando mistérios
como um crepúsculo
que corta lento,
réstias de saudade

Teus traços se definiram
nas linhas do horizonte
e no corpo das montanhas,
interposto nas luzes do silêncio

Vagamos na canção tenaz do amor
como a suavidade de uma oração
que se esvai, flutua e avulta na memória
misturados às nossas falas,
nossos dons, nossas vidas


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 13/05/10
Código do Texto: T2254837

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Estrela Vésper


Minha estrela vésper
vaga na luz opala
do teu sorriso
e nos passos orvalhados
da tua luz

Converto meu silêncio
em lições desconhecidas,
cujos aprendizados
são palavras mudas
dentro de mim

Meu canto é espuma
que arde em lâminas nos céus
e meus enigmas
são portas abertas
a um amor sem fim



Conceição Bentes
13/05/10

Almas Gêmeas


Para cada ser
outro existe de esferas distantes,
atravessando tempos,
unidos pelas diferenças

Completam-se
com a sabedoria dos deuses
e somente o amor os unem

E curvam-se diante da magia
desse encanto,
e de mãos dadas deslizam
ao sabor da vida
em águas revoltas ou em calmarias

Até o fim dos tempos
será assim,
renovando um SIM ou um NÃO
ou achando muito PORQUÊS!


Conceição Bentes
13/05/10

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um poema que se foi


Fui te buscar
na saudade de um encontro,
no infinito dos meus sonhos
onde palavras advindas
são de um poema que se foi

Deitei rimas no celeste azul
desalinhando métricas incertas
disfarçadas entre nuvens
a face oculta do teu eu

Foste do silêncio,
o meu tempo à deriva
compondo sons da alma
tocada com ávida emoção

São poemas que viajam
perdidos à beira-mar
como límpidas gaivotas
que alçam vôo para não mais voltar


Conceição Bentes
11/05/10

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Estações do Coração



Nas esquinas do outono
meu coração tem ritmos imprecisos
como se a paisagem dos desalentos
furtassem o estio


Suas estações conservam,
a face do tempo sem disfarces
que se doam nas rubras manhãs
das primaveras sem cor


Cuidarei para que teu sorriso
permeie e intercale nossas vozes,
num silêncio absoluto
onde nada terá em mim,
o que não sintas em ti


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 10/05/10
Código do Texto: T2249534

domingo, 9 de maio de 2010

Incógnita



Não queira saber quem sou,
nem adivinhar meu caminhar.

Sou lida indefinida,
a busca da magia
na luz a céu aberto,
um brinde a esperança que insisto
em manter em pé

Sou esculpida no mármore
que não finge,
e como escultor da memória
renasço em cada dor

Codifico a saudade
em forma de sintonia
vindo da verdade do mais lindo alvorecer

E no compasso melódico,
danço a musica da vida
na harmonia perfeita
de um novo entardecer


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 09/05/10
Código do Texto: T2246004

Eternamente Mãe!



Sempre que meus caminhos desandam
é a ti que retorno
e acolhida sou em teu colo
que retira de mim,
as dores que o mundo plantou

Tens a sabedoria na alma
és a fortaleza na solidão que me abate,
a segurança do meu caminhar
chama da vida que rege meu ser

És poema que não envelhece,
escrito na forma divina
invertendo a razão na emoção
eternizando tudo que finda


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 09/05/10
Código do Texto: T2244498

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Fênix




Renasço do vermelho do fogo
da dor que mutila,
refazendo o fracasso do meu caminhar

Das cinzas, alimento esperanças
revigorada no revoar das asas
traçando caminhos azuis
que sobrevoam a vida

Desfiz-me no silêncio,
perdi meus alentos,
adiei a alvorada dos sonhos
e ressurjo diante do mundo
traçando metas criadas por mim



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 06/05/2010
Código do Texto: T2241107

terça-feira, 4 de maio de 2010

O nosso eu


Sou o tocar das horas
nas mãos insolúveis do tempo,
ou a força desmedida do mundo
que ressoa dentro de nós

Somos um todo incompleto,
a saudação do sol invernal,
a espera de um amanhã tardio,
uma sombra que se encontrou
e no vento se desfaz

Meu eu mergulha em névoas
como se fosse um ser no nada,
ou a surpresa de cada compreensão,
que vai se juntando
na construção do ir sendo e nada mais



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 04/05/2010
Código do Texto: T2236474

domingo, 2 de maio de 2010

Teus olhos, Meus horizontes



Busquei-te hoje
na primeira solidão
quando andavas distraído
pelos campos e campinas
nos campos das manhãs

Te busquei nos sóis azuis
do teu olhar
tal duas estrelas serenas
a brilhar na madrugada,
alheias a saudade
que me abatia.

Pousei nos teus ombros
como a brisa,
abraçando o sonho que criei
misturando nossos sons
nossos dons, nossas vidas.



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 02/05/2010
Código do Texto: T2233514

Amor lilás



Sentados em bancos do tempo
sopramos palavras
que emitiam sons
quase inaudíveis :
só o coração ouvia

E teus limites
em meio a quietude
embriagava –se com o cantar
de um amor lilás

E chegamos ao infinito,
vestidos do orvalho
que reveste os disfarces
dos medos adormecidos



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 01/05/2010
Código do Texto: T2231158